quarta-feira, 30 de julho de 2014

Apenas reverta esta falha
Transforme a noite em dia
Você não sabe que você está parado no caminho da luz?
Despeje o óleo nessas chamas
Acelere o meu coração novamente
Você não sabe que você está parado no caminho da luz?

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Eu tenho opinião formada sobre algumas coisas e ela é bem difícil de mudar, porque todo fato sobre coisas apontam para minha opinião. Então, eu estou certa. Só acho bem difícil enxergar uma coisa de um modo que já não é. Como quando as pessoas não se interessam em falar com você, tipo, falar de ter uma conversa legal e não só um conjunto de respostas às suas perguntas ou silêncio aos seus assuntos.
É 2014... Vamos lá, ainda resta 5 meses para provar que eu estou errada. 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. (…) É aceitar doer inteiro até florir de novo.
Estou hoje num dos meus dias cinzentos, como diz nosso escritor; dia em que tudo é baço e pesado como a cinza, dia em que tudo tem a cor uniforme e nevoente dele, desse cinza em que eu às vezes sinto afundar o meu destino. Estou triste e vagamente parva, hoje, e, no entanto, estou na capital do Alentejo; aos meus ouvidos chega o ruído dos automóveis, o barulho cadenciado das patas dos cavalos de luxo, o pregão forte e sensual que é toda a alma de mulher do povo, e por cima disto tudo, a espalhar vida, luz, harmonia, sinto o sol, um sol de fogo, o sol do meu Alentejo sensual e forte como um árabe de vinte anos! Pois tudo me irrita! Que direito tem o sol para se rir hoje tanto? Donde vem o brilho que Deus pôs, como um dom do céu, nos olhos das costureirinhas que passam? Donde vem a névoa de mágoa que eu trago sempre nos meus?! Vê?... É o dia pesado, o dia em que eu sou infinitamente impertinente e má como uma velhota de oitenta anos.
Eu odeio os felizes, sabes? Odeio-os do fundo da minha alma, tenho por eles o desprezo e o horror que se tem por um réptil que dorme sossegadamente. Eu não sou feliz, mas nem ao menos sei dizer porquê. Nasci num berço de rendas rodeada de afetos, cresci despreocupada e feliz, rindo de tudo, contente da vida que não conhecia, e de repente, amiga, ao alvorecer dos meus 16 anos, compreendi muita coisa que até ali não tinha compreendido e parece-me que desde esse instante cá dentro se fez noite.
Fizeram-se ruínas todas as minhas ilusões, e, como todos os corações verdadeiramente sinceros e meigos, despedaçou-se o meu para sempre. Podiam hoje sentar-me num trono, canonizar-me, dar-me tudo quanto na vida representa para todos a felicidade, que eu não me sentiria mais feliz do que sou hoje. Falta-me o meu castelo cheio de sol entrelaçado de madressilvas em flor; falta-me tudo o que eu tinha dantes e que eu nem sei dizer-te o que era... É a história da minha tristeza. História banal como quase toda a história dos tristes.

Florbela Espanca