Por Luís Fernando Veríssimo
Dar não é Fazer Amor.
Dar é Dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Chama-te de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais.
Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar... Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço de Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado... Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der pra ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro.
Dar é bom na hora. Durante um mês. Para os mais desavisados, talvez anos.
Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar. É não ganhar um "eu te amo" baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, pra apresentar pra mãe,
pra dar o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
"Que que cê acha, amor?"
É não ter companhia garantida pra viajar.
É não ter pra quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho... É não ter alguém pra ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável...
Dê mesmo, dê sempre, dê muito...
Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão... Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar...
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